Selecção Angolana de futebol: igual a si mesma

Quem defende a máxima segundo a qual não se muda velhos hábitos num único dia tem poucos riscos de errar, pelo menos, quando se trata da selecção angolana de futebol. Entre chutes e dribles permaneceu a mesmice. Foi o que se viu na partida que envolveu as selecções de Angola e do Mali na abertura da 27ª edição do CAN no estádio 11 de Novembro, na Camama.
Boa exibição mas o mesmo resultado de sempre. O velho hábito de se acomodar sobre os resultados quando estes são favoráveis não podia se perder logo ali, no majestoso campo 11 de Novembro e justamente contra a forte selecção Maliana. Fora este particular, que, de restou, foi o principal causador do descalabro da formação comandada por Manuel José, os adeptos pouco podiam esperar dos «palancas» já que nos jogos de preparação, Angola nos habituou aos sucessivos empates e derrotas. Pode-se até dizer que o estágio da selecção angolana em Portugal foi sofrível tanto a nível de resultados como a nível de coesão dentro do grupo.


Não custava nada manterem a serenidade e fazerem diferente no confronto de domingo e por conta disso, com elegância e mérito, constarem no livro da historia do futebol Africano como tendo goleado a selecção de Kanoute, Mohamed Sissoko, Seydou Keita, Diarra e outros na abertura do primeiro CAN organizado em território lusófono. Mas não. Para a tristeza de todos angolanos, foi a máxima acima citada que prevaleceu.

O jogo começou rigorosamente às 20 horas, antecedida de uma pomposa cerimónia de abertura (havia muita pompa para a circunstância, diga-se de passagem) e sob o olhar de 50 mil espectadores incluído sete chefes de estado da zona austral do continente. Se dependesse do empenho dos torcedores a goleada sobre o Mali estava mais que garantida.

O «onze» que Manuel José não divulgou de jeito nenhum até o início do campeonato apresentou-se com Carlos à baliza e foi coadjuvado por Kali, Rui, Marques, Zuela, Chara, Dedé, Stélvio, Mabiná, Djalma devidamente distribuídos no terreno de jogo. Destaque vai para Flávio Amado, Gilberto e Manucho Gonçalves que protagonizaram as principais jogadas ofensivas e autores do 4 golos dos «Palancas Negras».

A primeira parte do jogo foi todo dominada por Angola que entrou em campo mais ofensiva, determinada e ousada. Preservando o seu meio-campo, encostava a selecção maliana à defesa. Flávio Amado e Manucho corresponderam muito bem ao esquema táctico de Manuel José, um 3x5x2 muito ofensivo. A equipa maliana pouco ou nada tinha a fazer diante da galvanizada selecção nacional. Até o próprio Kanoute, a principal estrela do Mali desdobrava-se com dificuldade perante a marcação cerrada de Kali, o capitão da equipa.

Quando estavam decorridos 37 minutos Flávio Amado marcou o primeiro golo da Taça das Nações Africanas. Foi o delírio das multidões. Aos 42 minutos o mesmo Flávio voltou a marcar, resultado que se manteve até o final da primeira parte.

A selecção nacional beneficiou ainda da cobrança de duas grandes penalidades cobradas por Gilberto e Manucho. Desenhava-se uma goleada até o quadro inverter-se e começar um festival de borradas dificilmente admissível em competições de alto nível como o CAN, por exemplo.

O jogador do Rio Ave de Portugal que tinha a missão de defender a baliza da selecção nacional teve uma primeira parte muito folgada já que nesse período foram poucas as acções ofensivas dos malianos. Mas quando surgiu o grande teste, isso na parte final do confronto, facilitou o adversário exibindo uma defesa desastrada perante a ofensiva de Keyta originando assim o primeiro golo do Mali. Foi o início da virada do jogo.

Um por um e em menos de 15 minutos Keyta (dois golos), Kanouté e Yatabaré encarregaram-se de tirar o sorriso no rosto dos angolanos e por pouco não deixaram o sabor amargo da derrota. À escassos minutos do fim a selecção do Mali virou o jogo. No final o placar mostrava 4-4.

Publicado por: Adriano de Sousa às 8:17 PM. Matéria encontrada em . Você pode acompanhar quaisquer matéria relacionada ao assunto através do RSS 2.0.